1925
Para uma simplista e superficial explanação sobre a história
dos primórdios da cidade canção, exalta-se a Companhia de Terras Norte do Paraná
- CTNP, como a única desbravadora de todo o norte novíssimo deste estado.
Entretanto devemos entender as reais razões que fizeram o britânico Simon
Joseph Fraser, o Lord Lovat, embarcar no navio inglês Araguaya em fins de 1923,
rumando ao Brasil.
Lord Lovat era diretor técnico da Sudan Platations Syndicate e tinha a incumbência nesta Missão de realizar estudos de viabilidade para investimento de capital britânico em solo brasileiro. Fato este já colocado como controverso no Livro Maria do Ingá de José Hilário, quando o autor cita outro livro: Londres-Londrina de José Joffily: “...a política econômica inglesa apressava a liquidação de créditos no Exterior [...] Jamais levar divisas para fora da ilha [...] ...”. Entre outras citações contraditórias da história, a Missão chefiada pelo Lord Motangu, não havia sido convidada pelo presidente da república do Brasil Arthur Bernardes (foto ao lado. Presidente do Brasil de 15/11/1922 a 15/11/1926). Eles vieram pelas preocupações com a nossa inadimplência, pois além de estarmos em atraso com antiga dívida, ainda solicitávamos mais 25 milhões de libras. Desta forma, o Governo Nacional Brasileiro via sua salvação nesta expedição britânica.
No dia 1º. de janeiro de 1924 chegava a Missão Montagu no
Rio de Janeiro, após 14 dias de reuniões com empresários e lideranças cariocas,
a 15 de janeiro do mesmo ano, chegou em São Paulo, onde o Jornal Folha de São
Paulo publicou uma nota informando a chegada dos ilustres ingleses em terras
paulistas, citando em dado momento que Lord Lovat partiria em expedição às
terras do Paraná, onde estudaria a exploração de madeiras. Neste ponto
encontramos o primeiro dado relevante, a exploração e extração de madeiras do
Paraná e a sua respectiva pirataria para a Inglaterra.
Sobre esta ótica, o mesmo jornal publicou em 16 de janeiro
de 1924, uma matéria paga sobre a Estrada de Ferro São Paulo-Paraná. Esta
publicação chegaria nas mãos de Lord Lovat, que viu uma vez mais uma forma de
levantar riquezas nesta localidade. Na época os dirigentes da Estrada de Ferro
estavam sem recursos para atingir seu objetivo (Ourinhos-SP – Cambará-PR). O
Lord saindo de São Paulo, foi entrevistado, onde citou o interesse de investir
capital britânico no país, buscando o mesmo objetivo que tinham quando investiram
no Sudão, o algodão. Em muitos momentos esta foi a história encarada como
verdade absoluta em alguns meios históricos, sobre a penetração da Companhia no
Norte Paranaense.
Quem foi o responsável pelo encontro entre o Lord Lovat e os
proprietários da Estrada de Ferro São Paulo-Paraná foi o engenheiro Gastão de
Mesquita Filho, que vislumbrava a época a comissão do negócio. Visto que os
fatores de convencimento que levaram a decisão de Lorde Lovat foram os que o
engenheiro argumentou no jantar histórico em que participaram: Willie Davids
(Prefeito de Jacarezinho), Leovigildo Barbosa Ferraz, Antônio Ribeiro dos
Santos, Gabriel Ribeiro dos Santos e Manoel da Silveira Corrêa. Após a negativa
de Barbosa Ferraz, na oferta de 15 mil contos de réis as terras da fazenda Agua
do Bugre por parte do Lord, Gastão de Mesquita chamou a atenção de Lovat para
as terras esquecidas do Paraná, as quais o Governo oferecia a quem chegasse
primeiro, completou dizendo que o ideal seria a compra das terras esquecidas a
preços extremamente baixos, depois desta ação, a compra da Ferrovia e seu
respectivo prolongamento, tal engenheiro ainda garantiria o escoamento das
madeiras e outros produtos agrícolas pelo porto de Santos a Inglaterra, assim a
referida linha férrea valorizaria em até mil por cento as terras em todo seu
entorno. O corretor daquele momento, mais interessado em seu comissionamento,
aproveitou o ensejo e estendeu o mapa o Paraná sobre a mesa, melhor explicando
os traçados e visualizando as possibilidades.
Mapa publicado na Folha de São Paulo em 16 de janeiro de
1.924. (CORRÊA, 1991, pág., 38)
Lord Lovat neste exato momento despertou o interesse pelas
terras fertilíssimas do Norte do Paraná, vislumbrando inúmeras possibilidades
de lucros exorbitantes. Enfim, foram dados os primeiros passos da Companhia de
Terras Norte do Paraná, pois logo após esta negociação, Lord transmitiria um
telegrama para o gerente da Sudan Plantations, Arthur Huge Miller Thomas, para
encontrá-lo em Londres, onde conversariam sobre o novo empreendimento.
Artigo escrito em 25 de Fevereiro de 2009, publicado no
jornal O Diário do Norte do Paraná em 17 de março de 2009, página A2 – Artigo.
A Referência do Mapa da Folha de São Paulo, foi retirada do livro "Trem de
Ferro" de José Hilário e a foto do Presidente Arthur Bernardes foi
retirada do site: www.planalto.gov.br/Infger_07/presidentes/gale.htm.
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