O voo 302 cobria a rota comercial operada por um Airbus A300B4 da Cruzeiro do Sul, prefixo PP-CLB, que saia do Aeroporto Internacional do Rio de Janeiro até o Aeroporto Internacional de Manaus, com escalas em Salvador, Recife, Fortaleza, São Luís e Belém. Com capacidade para transportar 162 passageiros e 14 tripulantes, em 3 de fevereiro de 1984, esta aeronave foi sequestrada na ida à Belém por três cearenses que exigiram que fossem levados à Cuba. Após pousar em Paramaribo, no Suriname, liberaram os passageiros e seguiram ao destino, onde os tripulantes puderam retornar.
Próximo do fim da ditadura militar no Brasil, a abertura política promovia a volta da eleição direta para a presidência da República. Contudo, os sequestradores, João Luiz de Araújo e Fernando Antônio Santiago, acreditavam que a solução estava no livro A Ilha, do escritor Fernando Morais. A publicação apresenta um retrato de Cuba na era pós-revolucionária, com entrevistas de vários personagens de diferentes classes sociais. Seduzidos por aquela narrativa, eles decidiram que a melhor maneira de chegar à Cuba era sequestrando uma aeronave, e, com isso, Fernando levou consigo a sua esposa, Raimunda, e a sua filha.
O interessante é que um maringaense estava naquele voo. Emanuel Tadeu Furtado que, com frequência fazia aquele itinerário, comentou para a imprensa local que "aquela foi uma das maiores aventuras de sua vida". Furtado explicou que foram muito bem tratados no Suriname.
A imagem mostra os passageiros assim que retornaram e desembarcaram em Belém.
Fontes: O Diário do Norte do Paraná de 19 de fevereiro de 1984 / Acervo Maringá Histórica.