A Praça Martius foi implantada e nominada pelos técnicos da Companhia de Terras Norte do Paraná – CTNP, em 1947, respeitando o projeto original, elaborado pelo urbanista Jorge de Macedo Vieira.
A praça está situada na Zona 1, na confluência das avenidas XV de Novembro e Willie Davids, atualmente denominada Avenida Governador Parigot de Souza. Tem área circular de 1.590,43 m², com diâmetro de 45,00 metros.
Além das avenidas XV de Novembro e Governador Parigot de Souza, outras duas vias convergem para a Praça Martius: a Rua Joaquim Nabuco e a Rua Tibiriçá, atualmente denominada Rua Luiz de Camões.
O nome da Praça Martius homenageia um dos mais importantes pesquisadores alemães que estudaram o Brasil. Carl Friedrich Philipp Von Martius nasceu em Erlangen, cidade localizada no Estado da Bavária, na Alemanha, em 17/04/1794.
Fotografia de Carl Friedrich Philipp Von Martius.
Martius graduou-se em medicina em sua cidade natal, em 1814. Depois, realizou estudos de botânica na Academia de Ciências da Bavária, em Munique.
Mapa da Alemanha. Erlangen, cidade natal de Martius, e a cidade de Munique, capital do Estado da Bavária (contornado em vermelho), onde fica a sede da Academia de Ciências da Bavária.
Em 1817, Martius chegou ao Brasil, como membro da comitiva da austríaca Maria Leopoldina, que viajava para o Brasil para casar-se com Pedro de Alcântara, que a partir de 12/10/1822 se tornaria D. Pedro I, Imperador do Brasil.
Acompanhado do cientista Johann Baptist von Spix, Martius recebera da Academia de Ciências da Bavária o encargo de pesquisar as províncias mais importantes do Brasil e formar coleções botânicas, zoológicas e mineralógicas.
Auxiliados por nativos e tropeiros, a expedição partiu do Rio de Janeiro em dezembro/1817, rumo ao norte do país, passando por São Paulo, Minas Gerais, Goiás e Bahia. Ao chegarem a Salvador, em novembro do ano seguinte, despacharam o material zoobotânico, até então coletado, e iniciaram nova etapa da jornada.
Nos quatro meses seguintes, concluíram a travessia dos inóspitos sertões de Pernambuco, Piauí e Maranhão. Permaneceram alguns meses em São Luis e partiram, em julho de 1819, para explorar a bacia do Rio Amazonas, trabalho que duraria aproximadamente 8 meses, chegando até a atual fronteira do Brasil com a Colômbia.
Em 1820, devido à doença de Spíx, o retorno da expedição à Alemanha foi antecipado.
Chegando à Alemanha, Martius tornou-se membro e secretário vitalício da Academia de Ciências da Bavária, ocupou o cargo de conservador do Jardim Botânico de Munique, realizou diversos estudos sobre o Brasil e publicou diversos livros, dentre os quais:
- Flora brasiliensis;
- A Fisionomia do reino Vegetal no Brasil; e
- Natureza, Doenças, Medicina e Remédios dos Índios Brasileiros.
Além de professor de botânica na Universidade de Munique, Martius participou de várias sociedades científicas, dentre elas a do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro.
Carl Friedrich von Martius morreu em 13/12/1868, aos 74 anos, em Munique, onde foi sepultado.
A denominação da Praça Martius foi alterada para Praça Presidente Kennedy, através da Lei nº 288, de 13/03/1964, sancionada pelo prefeito João Paulino Vieira Filho, aliado político de Ney Braga, governador do Estado do Paraná.
John Fitzgerald Kennedy havia falecido há alguns meses, em 22/11/1963.
Ficha Consular de Qualificação de John Kennedy em 1941, quando visitou o Brasil, ainda estudante.
Nascido em 29/05/1917, em Brookline, vila norte-americana localizada no condado de Norfolk, no estado de Massachusetts, John Kennedy tornou-se presidente dos Estados Unidos em 20/01/1961.
Assim que tomou posse, no contexto da Guerra Fria, Kennedy lançou o programa “Aliança para o Progresso”, que se constituía de um plano de cooperação técnica e financeira, com o objetivo de estimular o desenvolvimento econômico, social e político da América Latina. Esse projeto constava de três elementos, percebidos como interdependentes: o crescimento econômico; as mudanças sociais estruturais; e a democratização política. Essa foi uma das ações do governo Kennedy, que apoiava grupos civis e militares brasileiros, que agiam contra a política nacionalista do presidente João Goulart. Tais ações culminariam no golpe civil militar de 31/03/1964, que deu início ao período ditatorial no Brasil.
Foi nesta conjuntura que Ney Braga, governador do Paraná (31/01/1961 a 17/11/1965), buscou o apoio de Kennedy para conseguir recursos financeiros, a fim de finalizar a construção da Rodovia do Café, principal estrada de escoamento e exportação das safras de café do norte e noroeste do Estado.
Ney Braga havia sido eleito governador do Estado do Paraná em 03/10/1960, pelo Partido Democrata Cristão - PDC. Militar de carreira do Exército Brasileiro, em 1963 chegou à patente de General. Ney Braga alinhava-se ao grupo político opositor a João Goulart.
Em 24/05/1963, o governador Ney Braga encontrou-se com Kennedy na Casa Branca, em Washington. Ao final do encontro, Kennedy garantiu recursos financeiros para a construção da rodovia, através de financiamentos concedidos pelo Banco Interamericano de Desenvolvimento – BID.
Ainda em 1963, outros recursos foram recebidos pelo Paraná, ao abrigo do programa “Aliança para o Progresso”, a fim de minimizar os impactos de um grande incêndio que assolou 128 municípios paranaenses, entre 14/08 e 18/09 daquele ano. Aproximadamente 8 mil imóveis, entre casas, galpões e silos, viraram cinzas. Cerca de 5,7 mil famílias ficaram desabrigadas. Tratores, equipamentos agrícolas e incontáveis veículos foram atingidos pelo incêndio.
Seis meses depois do encontro com Ney Braga, Kennedy foi morto em Dallas, no Texas.
No livro “Ney Braga: Tradição e mudança na vida política”, do jornalista Adherbal Fortes de Sá Junior, publicado em 1966, Ney Braga conta que batizou a então BR-104 (atual BR-376) de Rodovia Presidente Kennedy. Um busto de Kennedy, feito em bronze, teria sido colocado no local da inauguração da estrada, em Alto do Amparo, no município de Tibagi. O busto desapareceu. Ney Braga chegou a editar um decreto a respeito, mas com o tempo a estrada ficou mesmo conhecida como Rodovia do Café, inaugurada oficialmente em 25/07/1965, na presença do Marechal Humberto de Alencar Castello Branco, um dos líderes militares do golpe de estado de 31/03/1964, que terminaria por depor João Goulart, e primeiro presidente do país durante a ditadura militar brasileira, instaurada em 01/04/1964, e que duraria até 15/03/1985.
Em Maringá, Kennedy recebeu outra homenagem, através do Decreto Estadual nº 16.268, de 26/08/1969, que denominou de Grupo Escolar “Presidente Kennedy” o então Grupo Escolar “Madeiras Phillips”, inaugurado em 1965, e localizado na Avenida Mandacaru. Atualmente aquela instituição de ensino é denominada Colégio Estadual Presidente Kennedy.
No entorno da Praça Presidente Kennedy, antiga Praça Martius, a CTNP, sucedida pela Companhia de Melhoramentos Norte do Paraná – CMNP, construiu, no final da década de 1940, uma ampla residência de madeira para abrigar seus diretores, quando em visita a Maringá e região. Em 1982, a colonizadora vendeu essa propriedade a terceiros. Atualmente, no terreno, encontra-se construído o Edifício Green Ville, que foi residência de Ary de Lima, poeta autor da letra do Hino de Maringá e que freqüentava muito a praça nos últimos anos de sua vida. Ary de Lima faleceu em 22/04/1998, aos 82 anos de idade. Em maio/1999, um busto de Ary de Lima, em bronze, foi instalado sobre um pedestal na Praça Presidente Kennedy, de acordo com autorização concedida pela Lei nº 4637, de 22/06/1998, de autoria do vereador Divanir Braz Palma.
Foto aérea de Maringá, em 1972. A seta vermelha indica a localização da ampla residência em madeira, cercada por exuberante vegetação, onde se hospedavam os diretores da CTNP / CMNP, quando em visita a Maringá e região.
Fachada do Edifício Green Ville, situado na Praça Presidente Kennedy, em 22/12/2024, construído no mesmo terreno onde se situava a casa que hospedava os diretores da CTNP / CMNP.
Busto de Ary de Lima na Praça Presidente Kennedy, em 22/12/2024.
Outro morador ilustre do entorno da Praça Presidente Kennedy foi o advogado e ex-prefeito de Maringá, Adriano José Valente, falecido em 06/02/2010, que ali residiu por décadas. O imóvel ainda pertence à sua família.
Fachada da casa onde residiu o prefeito Adriano José Valente, na Praça Presidente Kennedy.
Outras construções do entorno da praça são:
- Hospital São Marcos, fundado pelo médico e ex-prefeito de Maringá, Said Felício Ferreira;
- Edifício Tereza Cristina;
- Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias;
- Edifício Marataises; e
- Edifício Le Residence, inaugurado recentemente.
Fachada da Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias, na Praça Presidente Kennedy, em 22/12/2024.
Fontes: Family Search / Hemeroteca da Biblioteca Nacional / Wikipedia / Biblioteca Central da Universidade Estadual de Maringá / Câmara Municipal de Maringá / Companhia Melhoramentos Norte do Paraná / Museu da Bacia do Paraná.