Terreiro de Pai Dito (Benedito Alves de Almeida) - 1958

1958


A revista A Estampa do Norte do Paraná, em sua edição de julho de 1958, trouxe uma matéria sobre a prática da religiosidade de matriz africana em Maringá. 

A matéria, escrita por Ivens Lagoano Pacheco, diretor do impresso, é ilustrada com fotos de Correia Junior e conta a história de Benedito Alves de Almeida, o Pai Dito de São José. 


A história começa no dia 24 de agosto de 1954, quando o então presidente do Brasil, o gaucho Getúlio Vargas, cometeu suicídio durante o exercício de suas funções no Palácio do Catete, sede do Governo. A matéria conta que Benedito estava em Londrina, onde trabalhava, e ao ouvir a notícia pelo rádio, foi acometido de um mau súbito que deixou suas pernas paralisadas. Ele perdeu completamente a funcionalidade dos membros inferiores e regressou para Maringá inválido. 


A notícia, talvez pelo inusitado, se espalhou rapidamente. Membros da imprensa fizeram arrecadação de fundos para oferecer-lhe algum suporte financeiro. A gestão pública também se pronunciou por meio da Lei de nº 1, de 1955, que concedeu Benedito Alves de Almeida a quantia de 12 mil cruzeiros, retirados da verba de assistência social, para que ele pudesse comprar pernas mecânicas.


Então, Benedito viajou a  São Paulo, rumo ao Hospital das Clínicas, mas encontrou no meio do caminho um baiano, que recomendou-lhe um curador espiritual. Benedito o procurou e ingressou num curso espiritualista da Linha de São José. 


Voltou para Maringá tão paralítico quanto tinha saído, mas versado nas questões espirituais. Não demorou muito e Benedito instalou seu terreiro, onde realizava cultos de incorporação e respondia aos anseios espirituais dos consulentes. 


As imagens mostram o Pai Dito diante de seu congá (altar) e em transe, atendendo as pessoas, bem como os médiuns de sua corrente, que comumente prestam assistência espiritual aos que os buscam. 

A matéria não diz o nome da religião, descredita a Umbanda, a Quimbanda e o Candomblé, porém credita a presença dos orixás, de Jesus e dos santos católicos no culto. 


Aliás, a presença de religiões de matrizes africanas quase nunca é citada em documentos de época. Sendo uma cidade prioritariamente católica e com forte influência evangélica, até a década de 1980, é comum que referências da imprensa e de parte da sociedade sejam feitas a essas tradições espirituais e culturais com preconceito. 


Fontes: Acervo Maringá Histórica / Gerência de Patrimônio Histórico de Maringá /A Estampa do Norte do Paraná Julho de 1958.


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