Primeiros loteamentos fora do Plano Original de Maringá na Zona Norte da cidade – pequeno histórico da formação da Vila Esperança

1948

Com texto de Marco Antonio Deprá

O primeiro núcleo urbano implantado no atual município de Maringá, no Paraná, foi inaugurado oficialmente em 10/11/1942, quando a região  pertencia ao município de Londrina. Atualmente este núcleo pioneiro é conhecido como Maringá Velho.


Imagem 1-A: Evento de inauguração do Hotel Campestre em 10/11/1942, primeira construção do Maringá Velho, núcleo urbano pioneiro criado no atual município de Maringá. (Fonte: Museu da Bacia do Paraná)

Mas foi somente no dia 10/05/1947 que a Companhia de Terras Norte do Paraná – CTNP fundou oficialmente a cidade de Maringá, projetada em 1945 pelo urbanista Jorge de Macedo Vieira, para ser implantada a leste do Maringá Velho.


Imagem 1-B – Google Earth: Plano original de Maringá (em branco) e o núcleo pioneiro atualmente conhecido como Maringá Velho (em verde).

Porém, antes mesmo da implantação de Maringá, foram criados os primeiros loteamentos fora do plano original da futura cidade.


Imagem 1-C – Google Earth – Em branco, o plano original da cidade. Abaixo, a relação dos primeiros loteamentos implantados fora deste plano:

a) Antes da fundação da cidade, quando a região pertencia ao município de Apucarana:

- Vila Progresso (em azul), aprovado em 29/10/1946;
- Vila Vardelina (em verde), aprovado em 23/12/1946;

b) Logo depois da fundação da cidade, quando a região já pertencia ao município de Mandaguari:

- Jardim Aclimação (em amarelo), aprovado em 08/01/1948;
- Vila Nova (em vermelho), aprovado em 11/03/1948; e
- Jardim Ipiranga (em rosa), aprovado em 24/05/1948.

A região ao norte do plano original da cidade era composta por pequenos lotes rurais e chácaras, algumas delas reservadas para uso da própria CTNP e também algumas grandes áreas dominavam aquela região.


Imagem 2 – Google Earth: Fora do plano original de Maringá (em branco) seis grandes áreas dominavam a região ao norte.

Entre a Estrada Morangueira (em marrom) e o Ribeirão Morangueira (à direita da imagem) havia três grandes áreas:

- Fazenda Santa Lina (em laranja). Esta propriedade tinha área de 182 alqueires paulistas e pertencia a Alexandre Rasgulaeff, engenheiro agrimensor russo que prestava serviços para a CTNP;

- Fazenda Maringá (em verde). Esta propriedade tinha área total de 126,40 alqueires paulistas e pertencia a Alfredo Werner Nyffeler, gerente geral da CTNP em Maringá; e

- Hipódromo (em azul escuro). Esta área havia sido reservada pela CTNP para a implantação de um hipódromo.

Já na região entre a Estrada Morangueira e o Córrego Mandacaru (à esquerda da imagem) havia outras três grandes áreas:

- Fazenda Diamante (em amarelo). Esta propriedade tinha área de 100 alqueires paulistas e pertencia a Silvino Fernandes Dias, pai dos ex-senadores da República Álvaro e Osmar Dias;

- Lote nº 138-C (em vermelho). Esta propriedade tinha área de 20 alqueires paulistas e pertencia a Abdocarim Xarafidini, que adquiriu o lote diretamente da CTNP em 08/07/1942. Abdocarim era sírio, procedente da cidade de Formiga (SP) e proprietário da empresa “A Vencedora” que comercializada sapatos no Maringá Velho. Depois, ele vendeu o lote 138-C para Manoel Cayres que, por sua vez, transferiu o imóvel para a filha, por herança; e

- Sitio Mariah (em azul claro): Esta propriedade tinha área de 40 alqueires paulistas e era formada pelo lote nº 138-A de 30 alqueires paulistas e pelo lote nº 138-B, de 10 alqueires paulistas. Seu proprietário era o engenheiro Aristides de Souza Mello, gerente da CTNP em Londrina (PR) e primeiro presidente da Santa Casa de Maringá.

A Lei Estadual nº 2, de 10/10/1947 elevou Mandaguari a município, desmembrado do município de Apucarana. Foi através desta lei que Maringá foi elevada a Distrito, subordinado ao município de Mandaguari.  

O primeiro loteamento na região ao norte, fora do plano original da cidade, foi a Vila Esperança, cujo alvará de implantação foi concedido pela prefeitura em 14/07/1948. O loteamento foi implantado na cabeceira do lote nº 138-C. O empreendimento foi assinado por Abdocarim Xarafidini, proprietário do lote.


Imagem 3 – Google Earth – Lote 138-C (em vermelho), com área de 20 alqueires paulistas. Sua cabeceira estava localizada na então Estrada Morangueira, em marrom. O fundo do lote era banhado pelo Córrego Mandacaru.


Imagem 4 – Google Earth – A Vila Esperança (em verde), foi o primeiro loteamento implantado fora do plano original nesta região da cidade. Foi implantado na cabeceira do Lote nº 138-C (em vermelho), tendo como divisa norte a Fazenda Diamante (em amarelo).


Imagem 5–A – Google Earth – A Vila Esperança era vizinha à Fazenda Diamante e compreendia 7 quadras delimitadas pelas seguintes vias públicas:

- Rua Iguaçu;
- Rua Vitória;
- Rua Primavera;
- Rua Sarandi, depois denominada Rua Olímpio Mendes da Rocha;
- Rua Pirapó; e
- Estrada Morangueira, hoje Avenida Morangueira.


Imagem 5–B – Planta da Vila Esperança, subdivisão do Lote nº 138-C assinada pelo sírio Abdocarim Xarafidini, proprietário do terreno, e pelo engenheiro Alceu Moletta, autor do projeto.

A implantação da Vila Esperança foi realizada pela Imobiliária Ypiranga, de propriedade dos empreendedores Lucílio de Held e Adelino Boralli, que já havia loteado em Maringá a Vila Progresso (1946) e que em 1949 implantaria a Vila Cleópatra. Constituída em 31/07/1947, a Imobiliária Ypiranga foi sucedida em 25/03/1950 pela Companhia de Colonização e Desenvolvimento Rural – CODAL que em 1962 implantaria o Jardim Alvorada.

O próximo loteamento implantado na região norte de Maringá foi a antiga Vila Morangueira, que teve seu nome alterado para Vila Santo Antonio através da Lei Municipal nº 25, de 09/11/1959. 

A antiga Vila Morangueira teve seu alvará expedido em 06/04/1949 e foi implantada na cabeceira da Fazenda Maringá.


Imagem 6 – Google Earth – A antiga Vila Morangueira, atual Vila Santo Antonio (em rosa) foi implantada 06/04/1949 em parte da Fazenda Maringá (em verde), que já tinha perdido parte de sua área para a Vila Nova (em amarel0), implantada a partir de 11/03/1948. Naquela época a área em azul escuro ainda estava reservada para a implantação do Hipódromo.

A CTNP também resolveu lotear uma de suas áreas de chácaras existentes fora do plano original da cidade, bem na esquina da Estrada Morangueira com a Avenida Colombo.


Imagem 7 – Google Earth: No início dos anos 1950 a região norte da cidade já contava com três loteamentos implantados: Vila Esperança (em verde), a antiga Vila Morangueira, atual Vila Santo Antonio (em rosa) e a ampliação da Zona 7 (em amarelo), empreendida pela CTNP.

No início do ano de 1950, Aristides de Souza Mello decidiu lotear a cabeceira dos seus lotes 138-A e 138-B que formavam o Sitio Mariah. A implantação do loteamento deu-se em duas etapas.


Imagem 8 – Google Earth – Em 27/01/1950 a prefeitura de Mandaguari expediu o alvará para a implantação da Vila Esperança – 2ª parte (em laranja), na cabeceira do Lote 138-B. Na sequência, foi expedido o alvará para a implantação da Vila Esperança – 3ª parte (em verde escuro), na cabeceira do Lote 138-A. A partir da década de 1970, na área remanescente dos Lotes 138-A e B (azul claro) seria instalada parte do campus da Universidade Estadual de Maringá – UEM. À época, a área em azul escuro ainda estava reservada para a implantação do Hipódromo.


Imagem 9 – Google Earth – A Vila Esperança – 2ª Parte (contorno em laranja) compreendia 6 quadras delimitadas pelas seguintes vias públicas:

- Rua 1: Avenida Morangueira, antiga Estrada Morangueira;
- Rua 2: Rua Pirapó;
- Rua 3: Rua Sarandi, atual Rua Olímpio Mendes da Rocha;
- Rua 4: Rua Primavera;
- Rua 5: Rua F, atual Doutor Miguel Vieira Ferreira;
- Rua 6: Rua G, atual Rua Antônio Marin;
- Rua 7: Rua H, atual Rua Francisco Silveira da Rocha; e
- Rua 8: Rua E, atual Rua Sargento Rui Alves.


Imagem 10 – Google – A Vila Esperança – 3ª Parte (contorno em verde) compreendia 13 quadras delimitadas pelas seguintes vias públicas:

- Rua 1: Estrada Morangueira, atual Avenida Morangueira;
- Rua 2: Rua E, atual Rua Sargento Rui Alves;
- Rua 3: Rua D, atual Rua Sueo Toda;
- Rua 4: Rua C, atual Rua Antônio Fugi;
- Rua 5: Rua B, atual Rua Antônio Corrêa Fontana;
- Rua 6: Rua A, atual Doutor Alberto Byington Junior;
- Rua 7: Rua F, atual Rua Doutor Miguel Vieira Ferreira; e
- Rua 8: Rua G, atual Rua Antônio Marin.

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