1981
"Duplas caipiras tocando hard rock, violinistas clássicos fãs de Yehudi Menuhin, discípulos de Bagwan Shri Rajneesh, praticantes de tai-chi, defensores da organoterapia, da bioterapia, seguidores das ideias de Gurdjeff (...), o panfletário da nova era, Jorge Mautner... valeu tudo no 2º Festival Natura, encerrado domingo, em Maringá, sob forte chuva que impediu os participantes de reeditar Woodstock e esperar a descida de discos voadores nas proximidades da catedral Nossa Senhora da Glória (...)". Assim iniciou matéria da Folha de S. Paulo sobre um dos mais controversos festivais artísticos realizados na cidade. Aquela edição ocorreu no final de semana dos dias 25 e 26 de abril de 1981.
Lauro Freitas Junior, um dos organizadores, foi caracterizado pela imprensa como "(...) um universitário paranaense que tem realizado esforços homéricos para sua cidade natal, Maringá, transforme-se numa Nashiville brasileira, revelando novos talentos".
O evento estava previsto para acontecer no Parque do Ingá, mas a forte chuva obrigou que fosse transferido para um local próximo: o ginásio de esportes do Maringá Clube. O choque cultural foi inevitável. Considerado um dos clubes mais elitizados da cidade, de repente, o espaço foi tomado pela contracultura, por naturistas e diversas experiências artísticas inusitadas.
Outras situações pitorescas ainda ocorreram. Durante a montagem da aparelhagem de som, um jovem foi vítima de forte descarga elétrica. Depois de certo tempo, estava ele na plateia assistindo ao show de rock pesado da banda curitibana Kactus Group. Na sequência o palco foi ocupado pelo violinista Fernando Godinho, de 22 anos, que executou trechos do "Concerto em lá menor", de Vivaldi, além de músicas de Schumann, Gounoud, dentre outros clássicos. O público achou estranho aquela mistura musical, segundo a Folha registrou.
Márcio Ramos, um gaúcho de 18 anos que tocou guitarra com paixão e virtuosismo, também marcou presença. Uma dupla caipira fez de tudo para agradar a plateia, até Bob Dylan executaram. A cantora Rosa Maria foi classificada como a a "Janis Joplin deste Woodstock tupiniquim". Outro foi Jorge Mautner, que partiu do Rio de Janeiro junto de seus conterrâneos com o objetivo de mostrar, além da música, formas alternativas de vida.
A matéria da Folha destacou: "Para Mautner, [...] essa consciência ecológica, misturada com visões orientais, contracultura etc., está tomando forma, na prática, sem dogmatismos".
Sobre a 1ª edição do Festival Natura, ainda não há informações, nem mesmo se o evento teve continuidade.
Fontes: contribuição de Cássio Augusto Guilherme / Folha de S. Paulo de 28 de abril de 1981 / Acervo Maringá Histórica.
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