1971
Inaugurado em outubro de 1971, o Parque do Ingá se transformou em um dos grandes pontos turísticos de Maringá. A sua concepção se deu durante a gestão do prefeito Adriano José Valente, o qual defendia que as pessoas precisavam de um espaço público para desfrutar de seu momento de lazer em meio à natureza. Chamava o local que criou de "clube do povo".
Animais silvestres, lago artificial, zoológico, caminhos rústicos em paralelepípedos, "Maria Fumaça", lanchonete e churrasqueiras eram os atrativos deste equipamento à época. Internamente, havia outro local que era visto como essencial pelo prefeito.
Segundo depoimentos, por volta de 1969 o prefeito circulava com seus assessores no interior das matas dessa área quando encontrou uma pequena gruta formada pela nascente do córrego Moscados. De imediato, demarcou-se com muros de arrimo em tijolos furados.
Devido a sua devoção, Adriano Valente sugeriu que fosse instalada uma imagem de Nossa Senhora Aparecida neste ponto. Houve questionamentos e surgiu outra proposta, de que o espaço fosse ocupado pela imagem de Nossa Senhora de Lourdes. Embora ambas tivessem sido encontradas nas águas segundo os seus devotos, a opção proposta pelo então prefeito tinha procedência brasileira, e, por essa razão, foi a santa selecionada para ocupar a gruta.
Contudo, a réplica precisava ter caráter oficial. Para isso, descobriu-se que existiam dois padres em Aparecida, interior de São Paulo, que talhavam imagens e as santificavam pelo contato direto com a verdadeira estátua de Nossa Senhora Aparecida. Foi quando o prefeito solicitou apoio ao então governador do Paraná, Haroldo Leon Peres, que de imediato assumiu o compromisso de adquirir e doar a obra sacra, conforme esses critérios, ao Parque do Ingá.
Leon Peres havia se estabelecido como político em Maringá antes de ser indicado ao cargo de governador do Estado.
Foi o diretor do extinto BADEP, o Banco de Desenvolvimento do Paraná, Clóvis do Espírito Santo, que em 1971 seguiu até Aparecida para encontrar os padres talhadores. Também devoto, Espírito Santo descobriu na cidade paulista que os artistas haviam falecido, mas que existia uma imagem que estava exposta em uma livraria católica. A estátua havia sido talhada por outro padre, Alfredo Morgado, e santificada em 12 de dezembro de 1953. Atendendo aos critérios, aquela foi a obra escolhida para a gruta do Parque do Ingá.
No dia 10 de outubro de 1971, devido à chuva, o avião que trouxe a imagem de Nossa Senhora Aparecida, junto do então governador Haroldo Leon Peres, sua esposa e comitiva, teve que aterrissar em Londrina. Para Maringá, seguiram de carro até o Aeroporto Regional Gastão Vidigal, onde uma grande multidão os aguardava. Depois, sobre o caminhão do Corpo de Bombeiros - decorado para essa finalidade -, a imagem foi levada à Catedral e, de lá, para o Parque do Ingá. Aquele foi o dia da inauguração oficial do “clube do povo”.
Acompanhado de Adriano Valente e de sua esposa, Helena Gama de Miranda, na entrada da gruta, Haroldo Leon Peres entregou a imagem para o bispo da cidade, Dom Jaime Luiz Coelho, que a dispôs em um pedestal localizado bem em cima de uma mina d'água. A partir de então, teve início uma grande peregrinação de fies até o local em busca de bênçãos e milagres.
Jornais da década de 1970 chegaram a registrar curas, muletas deixadas por lá, cartas e mensagens de graças alcançadas. Inclusive, um guarda do local afirmou que o ciclo da nascente aumentou muito com a chegada da imagem de Nossa Senhora Aparecida. Além de gruta dos milagres, essa área também ficou conhecida como “pátio dos milagres”.
Mas essa demonstração de fé católica foi perdendo força ao longo dos anos. E, quase esquecida, a imagem de Nossa Senhora Aparecida foi sendo deixada à própria sorte. Em outubro de 2011, durante as comemorações de seus 40 anos, o Parque do Ingá passou por reformas e a instalação de novos equipamentos. Na oportunidade foi instalada uma estátua de Adriano José Valente bem na entrada do equipamento público. De autoria da artista plástica Rosa dos Anjos, homenageia o prefeito que concebeu o parque.
Essa artista também foi a responsável pela construção de animais da Mata Atlântica e da nova gruta que passou a abrigar a imagem da santa. Nossa Senhora Aparecida, então, foi retirada da gruta original, da qual estava instalada desde 1971, e foi transferida para uma nova estrutura, ainda no interior da reserva ambiental.
Meses antes, em junho de 2011 a imagem havia sido depredada. O restaurador de artes sacras, Everaldo Castro, foi o responsável pela recuperação da santa. Desde então, uma redoma de vidro blindado a protege de novos sinistros.
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