Uma árvore histórica e polêmica - 2004

2004


Quem passa pela avenida São Paulo, na Vila Bosque, percebe um desvio naquela via de Maringá. Naquele local existe uma árvore histórica, um cedro que por muito pouco não foi retirado pela prefeitura em 2004.

O município sabia da importância da duplicação da avenida São Paulo (Gurucaia, na época), mas aquele cedro estava impedindo a obra e a retirada da árvore nativa era iminente.  Foi quando a comunidade se mobilizou para garantir a preservação.

A ONG Funverde, liderada por Ana Domingues, entrou em contato com o promotor do Meio Ambiente, Manoel Ilecir Heckert, que acatou o pedido de preservação. Em 20 de fevereiro de 2004, o jornal O Diário do Norte do Paraná destacava: “Cedro da Gurucaia é patrimônio público”.  

“Se depender do Conselho Municipal de Defesa do Meio Ambiente de Maringá (Comdema), a prefeitura municipal vai ter que rebolar para concluir a duplicação da avenida Gurucaia sem arrancar a gigantesca árvore de 40 anos, existente no meio da nova pista”, dizia o primeiro parágrafo. 

O Comdema baixou uma resolução declarando o cedro como patrimônio público e imune de corte, conforme artigo 7º da Lei 4.771/1995, do Código Florestal Brasileiro. Os conselheiros acataram os argumentos da bióloga e presidente do conselho, Maria Conceição de Souza.

A prefeitura poderia recorrer, no entanto, José Eudes Januário, secretário de Meio Ambiente na época, acatou a decisão do Comdema para evitar atritos. Já o secretário de Desenvolvimento Urbano, Ronaldo Ramos, não conseguia esconder a preocupação.  Teve que se desdobrar para concluir as obras sem afetar o cedro da avenida Gurucaia. Temia que a árvore fosse um perigoso obstáculo para os motoristas pois se encontrava praticamente no meio da pista.

Engenheiros chegaram a pensar em fazer uma rotatória em torno do cedro. “Vai ser a primeira rotatória da cidade em local onde não existe cruzamento”, criticou Ramos. Outro transtorno seria a desapropriação das chácaras para fazer a rotatória. O processo, além de onerar a obra, seria muito burocrático.

Se a prefeitura insistisse na defesa da derrubada do cedro, representantes de Organizações Não Governamentais (ONGs) já planejavam manifestações pela preservação do patrimônio público, incluindo a participação de crianças no abraço da árvore.

Já os que defendiam a derrubada, alegavam que a cidade não poderia ser prejudicada devido a “uma única árvore” e que ações como a criação de uma área de proteção ambiental são mais importantes do que a polêmica em questão. “Além de ferir a legislação, será mais um obstáculo perigoso, principalmente porque a Gurucaia vai captar o trânsito proveniente do Cesumar (UniCesumar)”, dizia a matéria. 

Por fim, a prefeitura acabou optando pelo desvio na avenida e o cedro está até hoje lá. Salvo. 


Fontes: O Diário do Norte do Paraná de 20 de fevereiro de 2004 / Foto de Henri Jr. / Acervo Funverde / Acervo Maringá Histórica.

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