1978
Veiculado na Folha do Norte do Paraná de 1º de outubro de 1978, o currículo de Walber Guimarães buscou trazer credibilidade na conquista de votos para a reeleição como deputado federal. Na disputa das eleições gerais daquele ano, novamente obteve sucesso.
Filho de Antônio Nicolau Guimarães e de Lavínia Souza Guimarães, Walber Souza Guimarães nasceu em 7 de janeiro de 1933, na cidade de Colinas-MA.
Fez seus estudos iniciais no Colégio Lourenço Filho e no Colégio Estadual do Maranhão, e cursou posteriormente a Escola Técnica de Comércio Centro Caixeiral do Maranhão, todos em São Luís. Técnico em Contabilidade, Walber foi oficial administrativo do Instituto de Aposentadoria e Pensões dos Comerciários (IAPC), na capital maranhense, diretor da empresa de transporte aéreo Norte do Brasil e gerente da Cooperativa dos Ferroviários do Maranhão.
Radicando-se no Paraná, na cidade de Maringá, foi gerente da Madeireira Philips, na região do Mandacaru. Em 1968, elegeu-se vereador pelo Movimento Democrático Brasileiro (MDB). Foi secretário da Câmara Municipal, presidente da Comissão de Redação e vice-presidente da Comissão de Justiça, além de presidente do diretório municipal do MDB. Deixou a Câmara de Vereadores em 1972, ano em que se bacharelou pela Faculdade de Direito da Universidade Estadual de Maringá.
No ano seguinte, assumiu como vice-prefeito de Silvio Barros e, paralelamente, tornou-se presidente da Codemar, secretário de Viação e Obras Públicas.
Em novembro de 1974, elegeu-se deputado federal na legenda do MDB, vindo a tomar posse no cargo em fevereiro de 1975, após deixar a prefeitura. Foi membro da Comissão de Fiscalização Financeira e Tomada de Contas e suplente da Comissão de Constituição e Justiça. Reeleito em novembro de 1978, foi vice-líder, além de vice-presidente da Comissão de Agricultura e Política Rural e suplente da Comissão de Fiscalização Financeira e Tomada de Contas.
Em outubro de 1979, na qualidade de coordenador do grupo “moderado” do MDB, condenou o ingresso de comunistas no partido, questão originada de uma sugestão feita por Luís Carlos Prestes, então secretário-geral do proscrito Partido Comunista Brasileiro (PCB). No mesmo mês, após a apresentação do projeto de reformulação partidária do governo, declarou que os oposicionistas que pretendiam formar partidos deveriam paralisar seus planos e tratar de se unir para a modificação do projeto governamental. Afirmou ainda que, caso o projeto fosse aprovado, nenhum parlamentar sairia do MDB, que o partido seria reconstituído com a totalidade de seus integrantes, possivelmente reforçados por dissidentes da Aliança Renovadora Nacional (Arena). Entretanto, quando a proposta governista de extinguir o bipartidarismo foi aprovada em novembro de 1979, filiou-se ao Partido Popular (PP), e no ano seguinte tornou-se vice-líder.
Em abril de 1980, propôs a constituição de uma comissão mista, com senadores e deputados de todos os partidos, para o estudo de reformas dos dispositivos constitucionais referentes aos poderes Legislativo e Judiciário e à organização político-administrativa. Ainda nessa legislatura, foi membro das comissões do Interior e de Relações Exteriores, assim como da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) destinada a investigar as causas das elevadas taxas de juros do Sistema Financeiro Nacional. Foi também suplente da Comissão de Agricultura e Política Rural e relator da CPI criada para apurar denúncias de atos de corrupção praticados na administração federal. Essa CPI pretendeu convocar ex-ministros do governo Ernesto Geisel e governadores, que, no entanto, foram liberados de prestar depoimento pelo Partido Democrático Social (PDS), majoritário na Câmara, seguindo orientação do governo. A CPI tratou de casos como o da Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos, acusada de esbanjar recursos quando da realização no Rio de Janeiro, em 1981, do XVIII Congresso da União Postal; o do Banco Econômico, acusado de favorecimento com dinheiro público; e o da Fiação e Tecelagem Lutfala, acusada de recebimento indevido de dotações do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico (BNDE), problema que envolvia o governador Paulo Maluf, de São Paulo. Na época, Maluf também foi acusado de doar indevidamente automóveis aos jogadores de futebol que venceram a Copa do Mundo em 1970. Por sua participação nessa CPI sofreu, ao lado do deputado Hélio Duque, do Partido do Movimento Democrático Brasileiro (PMDB) do Paraná, ameaças extensivas à sua família e pediu garantias ao ministro da Justiça Ibrahim Abi-Ackel. Com a incorporação do PP ao PMDB em fevereiro de 1982, filiou-se a essa legenda, na qual conseguiu nova reeleição em novembro.
Empossado em fevereiro de 1983, votou a favor da emenda Dante de Oliveira que, examinada na Câmara em 25 de abril de 1984, propôs o restabelecimento das eleições diretas para presidente da República em novembro daquele ano. Como a emenda não obteve o número de votos necessários à aprovação — faltaram 22 para que pudesse ser enviada ao Senado —, na disputa ocorrida no Colégio Eleitoral, em 15 de janeiro de 1985, votou em Tancredo Neves, candidato da Aliança Democrática — união do PMDB com a dissidência do Partido Democrático Social (PDS) abrigada na Frente Liberal — em oposição ao candidato do regime militar, Paulo Maluf, que acabou derrotado. Tancredo não chegou a tomar posse. Doente, faleceu em 21 de abril de 1985. Seu substituto foi o vice José Sarney, que já exercia interinamente o cargo desde 15 de março.
Porém, antes de seu falecimento, Walber Guimarães conseguiu a façanha de trazer Tancredo Neves para participar de um casamento em Maringá.
Em novembro de 1986, concorreu à Assembleia Nacional Constituinte e alcançou uma suplência. Deixou a Câmara em janeiro do ano seguinte, no fim da legislatura. Chegou a ser cotado para assumir um ministério.
Restringiu sua atuação política aos diretórios regional do PMDB, em Curitiba, e municipal, em Cianorte. No plano profissional, além de retomar o exercício da advocacia, tornou-se empresário no ramo das telecomunicações como proprietário da Rádio Cianorte FM. Fixou residência em Maringá e não se candidatou mais a cargos eletivos, embora continuasse a participar da vida política da cidade. Em 2009 apoiou a pré-candidatura de Beto Richa ao governo do estado para o pleito de outubro de 2010.
Casou-se com Esmeralda Vaz Guimarães, com quem teve quatro filhos.
Walber Souza Guimarães faleceu em 6 de maio de 2018.
Fontes: Folha do Norte do Paraná de 1º de outubro de 1978 / Gerência de Patrimônio Histórico de Maringá / CPDOC FGV / Acervo Maringá Histórica.
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